Freitag, Dezember 15, 2006

A NOITE

Todos falamos do tempo
e queremos nos esquecer
que a madrugada
e' irreversivel.

Quem sabe se o verso
que desconhece o calendario
e ignora o tic tac do relogio
pode desafiar a noite
e transpor a viagem dos dias
sem medo da escuridao
sem medo do pecado
certificando em cada minuto
que vivemos o escolhido
e unico paraiso do amor?

TERESINKA PEREIRA
Ohio- USA
LAS BRASAS


Y aulle' mas por mi que por ti
pensando que la vida
se prolonga sin quererlo
OSCAR FLOREZ TAMARA


Antiguas, de mucho tiempo
son esas brasas vivas
que desnudan tu voz de lobo
en los minutos que se pegan a mi piel.

?Y que puedo hacer
si no re-inventar el espacio
y sentir el soplo del aullido
en la medula, para soportar
ese mismo tiempo que pasa
recorriendo nuestras palabras
para echarlas al viento?

Mis dedos tocan tus versos
en los que fluye la miel caliente
para acomodar la noche
que acaba de llegar...

TERESINKA PEREIRA
Ohio- USA

Donnerstag, Dezember 14, 2006


NADA SE PERDE

Entre a luz da lua
e o brilho do sol
nosso grito galopa
e se retem na memoria.

Quem sabe se naquele tempo
nao trilhamos o mesmo caminho,
se nao nos demos as maos com ternura
acaso na mesma estrada?

Quem sabe nao foi em vao
o amanhecer em terra alheia,
as emocoes disfarcadas em dores,
o ceu aberto na tristeza,
as lagrimas e o silencio dos mais velhos?

No final de tudo,
repassamos o tempo
e tomamos gosto pelo presente
com saudade do que nao vivemos,
a incontinencia do amor.

Ai! Essa estrada tao longa e distante
ainda nao acaba de chegar...

TERESINKA PEREIRA-
Ohio-USA

Samstag, Dezember 02, 2006

Nocturna Dimension

Saindo de uma realidade constantimente transitada por seres,
para outra totalmente inacessível a qualquer pensamento.
Há algum desejo em retornar?
(pergunto eu aos meus outros eus)
Não à resposta.estamos imersos no profundo silêncio desta noturna dimensão.
Desconhecidamente certa, inexprimivel em palavras, somente em sentidos...
Sobe-me uma inquietação pacífica em sentir-me assim a sós com meus outros.
Partículas indivisíveisdo meu ser pluralizado.
Alguns são tão nítidos em mim, outros estão dentro destes outros...
Numa transvinculação incompreencível.
A magia deste lugar,
lentamente cura os cortes de minh'alma retalhada, moída de viver.
Imortalizarei-me aqui!
Nesta inrrealidade completa e real.
Dentro de mim, apenas assim.

Matheus Santiago/Bahia-Bra
Momento Cotidiano

Estou cagando neste momento,
como tenho cagado a vida.
Estou defecando compulsivamente
e rindo histérico de minha condição.
O simples fato de evacuar
cada vez mais me humaniza.
Cagar é inevitável a todos:
Milionários ou miseráveis,
manequins ou feiosos banguelos,
velhas católicas cheias de pudor
ou próstitutas de esquina,
todos iguais neste momento cotidiano.
Puxo a cordinha da descarga,
e o barulho turbilhonante
de água descendo pelo cano,
faz levantar um cheiro pútrido
que invade o âmbiente.
Evacuou-se só mais uma parte podre de mim.

Matheus Santiago/ Bahia-Bra
Variações Sutis

Se a lira do meu ser pensante
Voltar a soltar-se,
Se o salto evaporar-se dos meus seres
Esta liberdade me acompanhará sempre...
Não tenho receio
Não vivo para isso,
É por isso que estou louco
E é por isso que estou lúcido.
Impar ou Par?
Par ou Impar?
Impar ou Par?
Par ou Impar?
Tudo tem um sentido e uma alienação
Tudo tem uma vida e uma variação
Nada é por acaso, nada!
Do escuro sentido,
Das variações em meio a tudo
Do indivisível ao seio do querer,
Do imponderável ao exprimível
Das palavras o poder
Espelhando o exterior do Ser.
Símbolos e caractéries ocultos
Nas obras sagradas
Que homens não-santos consagraram,
Significados, estes, tão grandiosos e simplises,
Pois que vivíamos com eles dentro
O tempo todo.
Como éramos pequenos,
E quantos desafios até o últero materno?
E no entanto, vencemos!
E estamos aqui provando isto,
Com este laboratório orgânico
De onde a energia é condenssada e transmutada
De lunar a solar
Para a criação de outros
Veículos consciêciais...
Quem quer a verdade
Não contenta-se com a exteriorização
Dos sentidos nesta pequena realidade,
E imerge no mar obscuro
Das profundidades mentais
Em todas as suas frequências.
O que vemos e sentimos,
O que lutamos e nos matamos,
Tudo o que amamos e acreditamos
É só a pequena ponta de um grande iceberg
Que está oculto em nossa insapciência.

Matheus Santiago/Bahia-Bra

Donnerstag, November 23, 2006

Ser

Quando escrevo, não é que eu saiba o que estou a fazer.
Apenas escrevo, e paro quando se deve parar
e penso quando se deve pensar
e não volto a escrever.(na maioria das vezes)
A caneta move-se e cria
letras, palavras, frases e formas que não formam nada,
e não falam de tudo.
O que escrevo não serve para se ler, nem para ver ou ouvir,
mas simplismente para existir e ser parte de algo maior...
A esfera central do meu escrito está no não entender,
e quem lê não entende e quem escreve não compreende,
Mas eles tem vida e são perfeitos
pois a única imperfeição é a de quem lê,
e pensa que entende.
Engana-se infelizmente...
Só os criei para dar-lhes VIDA
e ser parte de algo,
deciditem com o sentimento próprio que possuem
o que fazer de sua existencia,
eles tem poder para isso, são vivos!
Não são apenas escritos, esta foi somente
a característica que lhes dei.
E assim sejam, Livres e contentes
tristes e dementes
e o que mais puderem Ser...

Matheus Santiago/Bahia-Bra

Samstag, November 18, 2006

Sem Título

Tenho em mente como arma
Os conceitos da vingança
E a síntese das desgraças.

O meu ódio reprimido
Vem arrastando toda esperança
Tão violento e tão destrutivo...

A meus inimigos, estes miseráveis,
Deixo com a sagacidade das minhas palavras
As mais horríveis das mortandades!

E que a nédia benevolência e todo perdão do mundo
Seja sempre excremento
Podre e inútil

Que seja cinza,
Que seja pó,
Que seja dor
Tudo que faz viver,
Tudo que é amor!

Almaques Gonçalves/Bahia-Bra
Sem Título

Girassóis embriagados
Seguem um astro complexado
Pintores idiotas
Pintam luzes frias... sombras quentes
Por que rides, Monalisa?
Zombas de mim?
Entre redemoinhos, moinhos e nós
Resgatei a orelha de Van Gogh...
De que te serve se o que te serve
Não mais valia tem?
Lúgubre, fúnebre é o epíteto específico
Da ínfima palavra que não vem à memória...
Maldita!

Letícia Pinheiro/São Paulo-Bra

Freitag, November 17, 2006

YIN YANG

A negrura de minh’alma
Contrasta com a palidez da tua,
Que, de tão pura, me acalma
E aplaca a dor mais crua
Que se alojar em meu peito;
Mas que não mais me dá o direito
De querer me apossar dela;
Ainda que eu lhes desse tons de aquarela,
Seria apenas tua, ela
E com a mesma lividez de uma vela.
Que, pálida, adentra-me com jeito,
Alumiando qualquer defeito,
Sem, contudo, deixar de ser bela...

A brancura de tu’alma
Contrasta com a escuridão da minha,
Que, de tão suja, te alarma
E sabe que fenecerá sozinha
Quando chegar o momento;
Mas há de cumprir o seu intento,
De com a tua se aglutinar;
Ainda que tu possas relutar,
Seria apenas o arfar
De nossos corpos a se tocar.
Que, escura, serve-te de alento,
Trazendo qualquer tormento,
Sem, contudo, deixar de amar...

Spectrus - Josiene Ferreira/Sergipe-Bra
O Tempo e o Espaço

Quando a celebre Hora foi criada
O Espaço solitário assim vivia
No desgosto farto de madrugadas
O senhor Deus na insônia movia
Passos intervalados e pouco ritmados,
Escalados os Segundos, pareciam
Loucos soldados sofrendo guiados
Com o poderoso general Fantasia...

Nas tumbas que agora jazem,
Os pobres Segundos suicidas
Em apelativas canções de silêncio,
Contemplam o renascimento do Tempo
Com a fantástica matéria da Hora...

Eis que num estranho contentamento,
O Espaço que sempre chora
Engana a Chuva e o Vento,
Numa voz profana que incomoda...


Carlos Conrado/ São Paulo-Bra

Dienstag, Oktober 31, 2006

Matutina Brisa

Inesperadamente você apareceu
seu olhar refletia num encanto
de chama que alenta e consome.
No momento em que palavras serenavam
e a chuva me tocava suavemente
exalava-se perfume das silvas da campina
e a luz dos teus olhos me continha.

De luares, de neves, de neblina
as minhas emoções fluiam
de formas cristalinas.
Constelamente o amor surgia
e as emoções insensantemente
me consumiam.

O mundo suspirou e meu pensamento
ligeiramente mudou, em meu peito
rebateu-se a imensa ilusão amorosa.
O espírito enlaçou a dor vivente
e eu, trêmula de emoção, comecei a ficar...

Vi a beleza da natureza se transfigurar
para a tua face e o medo de perder-te
quase impediu-me de ganhar-te.

Os receios, os desejos, os medos faleceram...
ressuscitou um imenso amor
que guardado no seio
era lembrança de criança
que respirava a alma inocência.

Mas na aurora te encontrei
e fagueiros são os meus dias
o sereno é igênuo e nós somos ditosos.

És tu a matutina brisa
e meu coração ávido
de palpite arroxa-se
em imos sentimentos.

Para ti dou o meu idílio
na legada do cerúleo
me deslumbro em condescender
que você nasceu pra mim e eu pra você.

Cinthia Araújo/Bahia-Bra
Copla de Amor

Em destro momento
o teu engenho errante
vela de mim e preludia
versos de amor.

E em copla falo do meu coração
clamo ardentemente essa paixão
e deslumbro com tua beleza.

Viajo em tua fala
e mergulho em teus beijos
preservei esse sentimento
raiado em mima sutileza.

Singular é a tua existência
em minha vida.
Tu és o remédio das dolências
e a tua simpatia inefável e edênica
dá-me castidades e motivos para viver.

Cinthia Araújo

Donnerstag, Oktober 26, 2006

shweigen

gesicht gestreng und hold
porträt dasig erträumen
bildischön schlichter dasig
schweigen schwermütig...

Von Shumann Sty

Freitag, Oktober 20, 2006

A voz

Dentre essas sombras tremulantes,
Há uma voz onipotente do saber,
Que cria a surrealidade de um existir
E mede com o prumo onipresente
A arquitetura dos ventos, dos raios,
Das estrelas, das coisas inexplicáveis
Que contrariam a lei do aparecer...

Confidente e mãe da natureza
Cantam juntas a beleza,
Do germinar de uma rosa,
Do pranto de uma pedra,
Do arfar de uma vida,
De um monstro a devorar
A sua própria espécie querida...

Eis que essa voz
Inspiração que vivifica Liceu,
Profana a si
Quando num grito,
Convida os homens
A subirem aos céus...

Dantes dessa voz,
Eles ensaiam,
Na companhia do individualismo
Cânticos graves e detratoriais.

Carlos Conrado
“Acabou”

Não mais te colocarei de quatro
Como cadela no cio,
Não mais deixarei meu pênis
Ser ocultado por seus glúteos,
Não mais morderei seus seios,
Não mais beberei o suco
Da sua taça vaginal,
Não mais encherá a sua boca
Engolindo toda a minha espada,
Não mais te puxarei pelos cabelos
Para chamar-lhe de minha vadia,
Não mais ouvirei os seus gemidos,
Não mais terei o seu semblante lascivo...
Não mais... não mais...
Daquele meu amor
Pouco restou,
Apenas o sêmen petrificado
Guardado na sua lembrança.

Carlos Conrado
Sussurros de Amor

O amor é o sorriso eterno
É o olhar mais belo
É o querer mais sincero
O amor;
Aquilo q não existe dúvida...
O amor vai além do vento
Além do momento
Além... Além da distância
Além da vida
O amor!

Leu

Montag, Juni 19, 2006

Morbidez

Tu, a quem chamo de ilusão doce e morbida;
a quem degusto e trago num tragar mortiço,
feito vício que mata quando se quer tanto,
tanto e tanto morro mas quero-te comigo.

Te esquivas de mim, em meus labirintos sombrios,
e eu no cio, procuro-te mas não te encontro.
Em minha mente passam-se sombras e vultos
quando no oculto de mim tu estás escondida.

hipnótica visão com a qual prendo-me a ti,
ilusão, na qual me prendes com tamanha frieza.
Iludes a quem não quiz ser iludido,
como quem ilude por ímpeto da natureza.

Natureza fria e sádica tens tu contigo.
Sarcástica paixão que de ti me contagias
intoxicando minh'alma e agitando o meu espírito...
...por ti expio e morro a todo instante.

Eliel Fonseca

Freitag, Juni 16, 2006

O Regente

Estrangulado seja,
Este sistema político
Que se faz presente-
Não por querermos este demente,
Mas sim por falta de opção...
Assim condenamos nosso lirismo,
Corrompemos os umbrais desta nação,
Que, no mais alto teor de sua podridão,
Faz dos nossos olhos objetos de liquidação...
Assim,
Somos impedidos de ver o movimento,
Deste país que para rumo se movimenta,
Com um desvairado desejo de chegar,
Ao show de uma orquestra detratorial...
Enquanto apreciam com os ouvidos
A cegueira inocentemente solta gritos,
Sem perceber que naquele procênio,
A desordem, a fome, a violência,
São regidos,
Pelos deficientes tentáculos
De uma lula fora do seu espaço.

Carlos Conrado
...........
Der Sand hat Glutnester unter
die Füße geschaufelt,
die Wolken am Nachmittag
weiter weg stechen Türme in den
blauen Himmelsballon, der Schweiß
Deines Rückens schmeckt
sonnig und gut.
Vorhin bei Cola und Bier wollte ich,
dein Atem sein,
entspannt,
den Gezeiten des Meeres folgen
ich wollte dich in der Brandung
umarmen, doch für zwei Männer,
schickt sich das nicht; doch es wa
uns egal; beim schmiegen und küssen - Ich will
für dich geschlechtslos und glücklich
sein, ein verdrillter Strang Atem,
um dich zu halten und zu ehren,
am Ende,des Atems doch der Mann sein,
der Deinem Ruf folgte.
Es ist gut, so wie es ist:
Mit all den Mängeln von Zeit & Verlust:
Es ist gut neben dir zu gehen, am
Leben zu sein und zu fühlen,
dass Zeit und Verlust wie Messer,
die Herzen ausschaben - wenn doch,
alles um uns zittert und lacht,
wenn ich neben dir gehe
und betrunken bin,
wie großartig es ist,
mit dir bekifft am Steuer eines Fahrrads,
immer so schnell wie der Wind,
vor lachen schreiend bergab -
ein Ziehen in den Lenden, der Geschmack,
von Salbei und Milch - und Sturm füllt,
die orkangrüne Lunge:
die orkangrüne Lunge:
Wie wunderbar ist es
neben Dir zu gehen
zuviel zu reden
und Dich so unendlich zu lieben.
Von Shumann sty

Donnerstag, Juni 08, 2006

Que se ergam todos os sabbats
E profanem os medíocres corpos,
Em covens silenciosos,
Liderados por forças da Natureza
Que se exprimem pela pureza
Dos que se rendem aos seus encantos
E por isso sacrificam os prantos
Dos que temem mergulhar
No vinho bacante do Ar,
Na força da Água que cai,
Ou que arrasta, porém não trai...
Sacrificam, também, o desconsolo
Dos que ignoram ser o joio
Em meio ao trigal
E fogem do incessante Fogo
Que os devorará impiedoso
Em sua perseguição trimestral
E após a imolação, a Terra,
Essa nossa Mãe que tudo encerra
Num desfecho triunfal,
Nutrir-se-á de toda a matéria
E agradecer-nos-á de forma séria:
Mantendo-nos o espírito imortal!

E assim, desprezando tudo o que a carne puxa,
Uma vez bruxa, para sempre bruxa!

Josiene Ferreira

Montag, Mai 29, 2006

Anseios

Gostaria de sair de mim
e... flutuar, tão leve quanto o ar...

deixar este cárcere vil, nojento e pútrido
e confundir-me no brilho cintilante
dos astros infinitos
como a felicidade de alguém
que transpõe

no semblante o mais puro sentido
de liberdade e perfeição...
sonho, pois não haveria sentido
se não existisse o sonhar...

e este é o pão bendito
de que me cevo a cada dia:

o sentido de sair desta realidade
mesquinha, pequena, limitada;
descobrindo um mundo novo,
mesmo que seja meu, mas novo.

Matheus Santiago e Thiago Amorim

Sonntag, Mai 21, 2006

Freitag, Mai 05, 2006


O Bom Espírito

-Busco-te neste mundo
para juntos podermos,
absorver estes ermos
deste cenário imundo...

Tu que nasceste
do ventre de outro plano,
escuta este canto
com tristeza e desencanto...

Da minha voz não te vires,
escuta com atenção,
protege os teus filhos
da maldade de um coração...

Coração que não te pertence,
mas que está sempre presente,
nos teus laços de união...

Corre... enquanto é tempo,
protege-te de um possivel ferimento,
não te armes contra o tormento
pois só sairás perdendo...

Rasga de ti estes vestes
que camuflam a tua alma,
não te faças um morcego,
pois as trevas não te amam...

Pede a Deus por teu livramento,
rogue por teu juízo,
ganharás asas de luz
e a confiança do melhor amigo...

-De onde viestes?
porque fazes isto comigo?
quem és... quem és tu ó ser clemente?
porque não me condena a morte
já que sabes do meu pensamento?

-Vejo em teu rosto rosado,
a vergonha estampada,
a maldade não te pertence,
guarde o amor puro como glória...

Não te inclinas novamente,
jamais ceda ao rebento,
vês os olhos de quem chora?
é teu filho que está sofrendo...
Vês os braços estendidos?
é um abraço que está pedindo.

Carlos Conrado

Samstag, April 08, 2006


ESCOLHA


Defronte a uma bifurcação
Para a escolha de um caminho certo,
O que se passa pelo coração,
Já que a alma é um deserto?

Tens à frente duas estradas
Com aspectos bem diferentes
E se a escolha for desastrada
Não reclames do que sentes;

Pois tens toda uma eternidade
Para resolveres o que queres:
Sessenta segundos à vontade;
É suficiente para o que pedes!

Vedes um caminho sombrio,
Escuro, um tanto alagado;
Um pântano lívido e frio
Que nem de longe é cogitado...

Então passas à segunda opção:
Um caminho luminoso e colorido
Com um quê de tentação,
Não mais doce que florido.

E é por aí mesmo que vais,
Para contentar teu egoísmo
E é aí mesmo que cais
No vão esparso de um abismo...

Apenas porque a aparência
Corrompe tudo o que é mortal
E para tantos não faz diferença
Se o anjo fugaz é letal...


Josiene Ferreira

Escarpas

Sob o caminho da serpente
O rastro de minha mente
Oculta o que você sente
E finge que entende
Por que você mente,
Foge e não atende
Um chamado tão ardente
Que nem carece da gente
Junto para seguir em frente:
Existe! Independente
De você estar carente,
Ou satisfeito o suficiente
Para, não mais que de repente,
Impelir-se todo crente
Para esse sentimento doente
Que comove até o assistente
Do demônio mais exigente
Que me habita, insistente;
Mas que a mim soa demente
Porque por detrás da lente
Que faz com que se aumente
A imagem, não tão inocente,
De uma mulher impertinente
Jaz, mui profundamente,
A sombra intermitente
Da menina que, sistematicamente,
Perdeu, por algum agente,
A alma subserviente
E talvez por isso não alente
A normalidade previamente
Achada em tanta gente.
Seu olhar, conturbadoramente,
Oculta e revela, maquinalmente,
O que talvez jamais se represente
No mesmo olhar, novamente.
E se me deres enigma correspondente
Ao que simulo ser indiferente,
Pode ser que, de repente,
Alcances aquela serpente
Nas escarpas de minha mente.


Josiene Ferreira

Freitag, April 07, 2006





DAME UN BESO

É UMA NOITE MACABRA DE ESTRANHA...
UM VENTO SECO E GELADO VAGA
POR ENTRE MEU CORPO...
REGELANDO-ME POR DENTRO COMO SE
MINH’ALMA CONGELASSE POR INTEIRA
VAGO BUSCANDO TEUS LÁBIOS
NESTA MAGRUGADA PACATA
E QUÃO VADIA...
NUMA SOLIDÃO VASTA QUE ME REPRESA
AH... É A SOLEDADE DESTA MINHA VIDA...
TUA IMAGEM APARECE JOVIALMENTE
E ME FAZ SER O QUE SEM TUA PRESENÇA
DEFAZ-ME SORRATEIRAMENTE...
DAME UM BESO
MINHA MUSA AMADA
APARECE NOVAMENTE...
"NESTA NOITE VEJO ALMAS DESALMADAS
"E FOMENTADAS DE CARINHO...
"ELAS DIVAGAM PERDIDAS
"SEM COMIDA, SEM ABRIGO...
"ELAS MORREM A CADA INSTANTE
"PELA DESOLAÇÃO... E PELA
"INSESIBILIDADE DOS HIPÓCRITAS
EU PRECISO DE TEU BEIJO
AH MADRUGADA PACATA E SILENCIOSA,
MEU MOMENTO VAZIO...
ABRE UM PORTAL...
SEM ALÍVIO;
MEU MOMENTO SEM TI... É ESCURO
TEU NOME... EVOCO
E CADA ESQUINA
DESTAS RUAS DESERTAS...
TEU NOME NÃO ESTÁ
TUA VOZ NÃO ESTÁ
AH VEJO SERES PUTREFÁTICOS
SEM UM AMOR PARA LHES DEIXAR
UM BEIJO.
DAME UN BESO
LA MUSA AMADA
DAME... DAME

LEU SANTANA

Samstag, März 25, 2006



El Poema A La Musa Amada

Se tudo que há
Deixar de ser um dia
Nada terei em mãos
Pois, já entreguei meu
Espírito!
Em mim... só há
Tua formosura...
Uma nova conquista...
Que transpõe minh'alma
Num entardecer...
Num elo de harmonia...
Numa emoção irrevogável.
Estar ao teu lado
Me apraz...
Me seduz! Luz...

Leu Santana

Dienstag, März 21, 2006


Alquimia da Dor

Neste corpo onde
As chagas se entrelaçam,
Mutuas transformações me aprisionam...

Na infância...

O presente fel da desgraça
Encanto da má sorte...

Companheiro de um karma
Que me condena a fogueira santa,
Percorri vastos campos degustando a intolerância e,
Percebi que o meu corpo
era apenas Uma carcaça angustiada e fraca
confrontando com o vento...

Filho do abandono e do desalento
Desliguei-me da minha entidade espiritual...
Procurei potencializar as minhas forças,
Bebi do cálice que guarnecia o ódio,
Transformei-me numa coisa tenebrosa.

Carlos Conrado
Mãe

Tu que colhes os ermos deste cemitério,
Vem colher a víscera deste corpo,
Louco e desvairado carne do fracasso...

Tu que amamenta um feto menino,
Derrame o teu leite num leito de flores,
Vem, se entregue ao arroio...

Tu que anda nesta noite,
Vem visitar-me, estou a sete palmos,
Ó ser excomungado pela lua...

Tu que chora nesta tumba,
Deixe que o teu pranto invoque estes restos,
Esses pútridos esquecidos pela vida...

Tu que a saudade é quem guia,
Nunca me esqueça!
Busque-me algum dia...

Tu que os sonhos acompanham,
Nunca te esqueça,
Dos dias em que éramos um só...

Tu que leva esta carcaça depressiva,
Vem dar-me o ultimo beijo,
O abraço do adeus...

Tu que és musa de um desgraçado,
Feio, morto e sepultado,
Traz-me o teu colo ó mãe querida.

Carlos Conrado
Anestesia

Faço do meu silêncio uma imagem,
Um retrato emoldurado pelas mãos da solidão...
Encharco de longos intervalos o meu coração e,
Faço pulsar o sangue de uma calada canção...

Sou como a fênix foragida das cinzas,
Sou também a angustia concebida pela vida...

Sou a maldição que atormenta Baudelaire,
Sou o marasmo, o tédio e a dor...

Sou filho do mundo que não me quer,
Sou uma forja de desejos assassinos...

Sou o ocultado pranto da melancolia,
Sou a tristeza de um sorriso,
Meu bem! Eu sou a tua anestesia.

Carlos Conrado