Mãe
Tu que colhes os ermos deste cemitério,
Vem colher a víscera deste corpo,
Louco e desvairado carne do fracasso...
Tu que amamenta um feto menino,
Derrame o teu leite num leito de flores,
Vem, se entregue ao arroio...
Tu que anda nesta noite,
Vem visitar-me, estou a sete palmos,
Ó ser excomungado pela lua...
Tu que chora nesta tumba,
Deixe que o teu pranto invoque estes restos,
Esses pútridos esquecidos pela vida...
Tu que a saudade é quem guia,
Nunca me esqueça!
Busque-me algum dia...
Tu que os sonhos acompanham,
Nunca te esqueça,
Dos dias em que éramos um só...
Tu que leva esta carcaça depressiva,
Vem dar-me o ultimo beijo,
O abraço do adeus...
Tu que és musa de um desgraçado,
Feio, morto e sepultado,
Traz-me o teu colo ó mãe querida.
Carlos Conrado
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