Donnerstag, November 23, 2006

Ser

Quando escrevo, não é que eu saiba o que estou a fazer.
Apenas escrevo, e paro quando se deve parar
e penso quando se deve pensar
e não volto a escrever.(na maioria das vezes)
A caneta move-se e cria
letras, palavras, frases e formas que não formam nada,
e não falam de tudo.
O que escrevo não serve para se ler, nem para ver ou ouvir,
mas simplismente para existir e ser parte de algo maior...
A esfera central do meu escrito está no não entender,
e quem lê não entende e quem escreve não compreende,
Mas eles tem vida e são perfeitos
pois a única imperfeição é a de quem lê,
e pensa que entende.
Engana-se infelizmente...
Só os criei para dar-lhes VIDA
e ser parte de algo,
deciditem com o sentimento próprio que possuem
o que fazer de sua existencia,
eles tem poder para isso, são vivos!
Não são apenas escritos, esta foi somente
a característica que lhes dei.
E assim sejam, Livres e contentes
tristes e dementes
e o que mais puderem Ser...

Matheus Santiago/Bahia-Bra

Samstag, November 18, 2006

Sem Título

Tenho em mente como arma
Os conceitos da vingança
E a síntese das desgraças.

O meu ódio reprimido
Vem arrastando toda esperança
Tão violento e tão destrutivo...

A meus inimigos, estes miseráveis,
Deixo com a sagacidade das minhas palavras
As mais horríveis das mortandades!

E que a nédia benevolência e todo perdão do mundo
Seja sempre excremento
Podre e inútil

Que seja cinza,
Que seja pó,
Que seja dor
Tudo que faz viver,
Tudo que é amor!

Almaques Gonçalves/Bahia-Bra
Sem Título

Girassóis embriagados
Seguem um astro complexado
Pintores idiotas
Pintam luzes frias... sombras quentes
Por que rides, Monalisa?
Zombas de mim?
Entre redemoinhos, moinhos e nós
Resgatei a orelha de Van Gogh...
De que te serve se o que te serve
Não mais valia tem?
Lúgubre, fúnebre é o epíteto específico
Da ínfima palavra que não vem à memória...
Maldita!

Letícia Pinheiro/São Paulo-Bra

Freitag, November 17, 2006

YIN YANG

A negrura de minh’alma
Contrasta com a palidez da tua,
Que, de tão pura, me acalma
E aplaca a dor mais crua
Que se alojar em meu peito;
Mas que não mais me dá o direito
De querer me apossar dela;
Ainda que eu lhes desse tons de aquarela,
Seria apenas tua, ela
E com a mesma lividez de uma vela.
Que, pálida, adentra-me com jeito,
Alumiando qualquer defeito,
Sem, contudo, deixar de ser bela...

A brancura de tu’alma
Contrasta com a escuridão da minha,
Que, de tão suja, te alarma
E sabe que fenecerá sozinha
Quando chegar o momento;
Mas há de cumprir o seu intento,
De com a tua se aglutinar;
Ainda que tu possas relutar,
Seria apenas o arfar
De nossos corpos a se tocar.
Que, escura, serve-te de alento,
Trazendo qualquer tormento,
Sem, contudo, deixar de amar...

Spectrus - Josiene Ferreira/Sergipe-Bra
O Tempo e o Espaço

Quando a celebre Hora foi criada
O Espaço solitário assim vivia
No desgosto farto de madrugadas
O senhor Deus na insônia movia
Passos intervalados e pouco ritmados,
Escalados os Segundos, pareciam
Loucos soldados sofrendo guiados
Com o poderoso general Fantasia...

Nas tumbas que agora jazem,
Os pobres Segundos suicidas
Em apelativas canções de silêncio,
Contemplam o renascimento do Tempo
Com a fantástica matéria da Hora...

Eis que num estranho contentamento,
O Espaço que sempre chora
Engana a Chuva e o Vento,
Numa voz profana que incomoda...


Carlos Conrado/ São Paulo-Bra