Samstag, April 08, 2006


Escarpas

Sob o caminho da serpente
O rastro de minha mente
Oculta o que você sente
E finge que entende
Por que você mente,
Foge e não atende
Um chamado tão ardente
Que nem carece da gente
Junto para seguir em frente:
Existe! Independente
De você estar carente,
Ou satisfeito o suficiente
Para, não mais que de repente,
Impelir-se todo crente
Para esse sentimento doente
Que comove até o assistente
Do demônio mais exigente
Que me habita, insistente;
Mas que a mim soa demente
Porque por detrás da lente
Que faz com que se aumente
A imagem, não tão inocente,
De uma mulher impertinente
Jaz, mui profundamente,
A sombra intermitente
Da menina que, sistematicamente,
Perdeu, por algum agente,
A alma subserviente
E talvez por isso não alente
A normalidade previamente
Achada em tanta gente.
Seu olhar, conturbadoramente,
Oculta e revela, maquinalmente,
O que talvez jamais se represente
No mesmo olhar, novamente.
E se me deres enigma correspondente
Ao que simulo ser indiferente,
Pode ser que, de repente,
Alcances aquela serpente
Nas escarpas de minha mente.


Josiene Ferreira

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