Donnerstag, Januar 03, 2008

Lágrimas do Choro

Ouve, meu Coração,
o som lamuriante
que aquele bandolim entoa agora
em meio à roda alegre dos boêmios...
Como ele ali traduz com singeleza
a imensidão desta profunda mágoa
em que me vejo imerso!

Se os meus versos, ao menos,
pudessem ter a dádiva
de como ele verter em poesia
as lágrimas amargas que derramo
ou ter a arte de arrebatar tua alma
e revelar ao mundo
a tua formosura indescritível...
assim, talvez... quem sabe, minha Amada,
algum valor teriam;

contudo, eu sei que o meu Fado inimigo
privou-me deste dom
por não querer jamais
que tu pudesses compreender um dia
a dor dilacerante
que esta canção plangente me estimula
a cada simples queixa da viola...

Meu Choro amargurado
e estas palavras tristes e vazias
que em vão agora escrevo,
não são senão apenas, minha Bela,
a confissão silente
das graves aflições que por ti sofro!

Se queres, pois, sentir
a pena que o teu lindo gesto causa
à minha solidão,
escuta atentamente
a branda e comovente cantilena
expressa sempre em cada humilde esquina
desta adorável rua...

e tu verás que neste Choro existe
uma doce cadência, bela Dama,
e que todo pesar que sinto tem
nas áureas cordas de um nobre cavaco
uma linguagem meiga e inteligível
capaz de facilmente quebrantar
teu ensoberbecido coração.

Thiago Amorim

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